A Biblioteca Pública de Braga, em complemento à exposição «Testemunhos de Guerra», patente no Salão Medieval da Universidade do Minho, apresenta no átrio daquele espaço uma exposição bibliográfica intitulada Letras de Guerra. Esta mostra revela-nos alguma da literatura inspirada pela guerra que, durante 13 anos, Portugal travou em África, nas suas antigas colónias de Angola, Moçambique e Guiné, a que só o movimento revolucionário do 25 de Abril de 1974 conseguiu pôr fim.
As obras seleccionadas estão divididas em 4 núcleos: - o 1º, Contextualização, apresenta alguns títulos através dos quais se procura compreender e explicar aquele período, com textos de A. O. Salazar, Américo Tomás, Marcelo Caetano, António de Spínola («Portugal e o futuro»), Mário Soares, Álvaro Cunhal, Fernando Rosas, Otelo Saraiva de Carvalho («Alvorada em Abril») e António Costa Pinto («O fim do império português»), etc - o 2º núcleo, História, Documentos e Estudos Diversos mostra obras com essas características, como «Anos de guerra», «A guerra em África», «4 países libertados», «Resenha histórico-militar das campanhas de África» ou ensaios de Margarida Calafate Ribeiro e Rui Azevedo Teixeira, entre outros - o 3º núcleo, Literatura (ficção, poesia, teatro), reúne um número apreciável de títulos através dos quais os nossos escritores deram a conhecer a sua experiência. Obras de Manuel Alegre, Lobo Antunes, João de Melo, Fernando Assis Pacheco ou Vergilio Alberto Vieira relatam o lado doloroso da guerra, da qual outros autores (Armor Pires Mota ou Reis Ventura) fizeram a apologia. Podem encontrar-se igualmente obras de autores africanos (Pepetela, M. Santos Lima) que nos mostram a guerra vista pelo lado dos movimentos de libertação. Neste núcleo apresentam-se ainda antologias poéticas portuguesas que fazem a apologia da guerra (é o caso de «O corpo da pátria» editado pela Pax), mas também de poetas guerrilheiros africanos («O canto armado», «As armas estão acesas nas nossas mãos») - o 4º núcleo, Memórias, diários, correspondência dá a conhecer testemunhos vividos dos nossos jovens soldados vítimas daquela guerra. Aqui encontram-se textos de Salgueiro Maia, Vasco Lourenço, Etelvino Baptista, Lobo Antunes e muitos outros. A Biblioteca Pública de Braga procura assim, através da literatura, dar uma visão plural de um conflito que marcou fortemente a sociedade portuguesa e cujos consequências ainda hoje são visíveis, pois provocou cerca de 10 mil mortos, um número indeterminado de feridos, cerca de 20 000 deficientes, milhares de vítimas do «stress de guerra», para além de outros efeitos colaterais significativos. A exposição pode ser vista até 10 de Junho nos dias úteis, no horário habitual. A Biblioteca Pública de Braga vai proporcionar à população bracarense mais duas iniciativas relacionadas com este tema: - no dia 26 de Maio, às 21.30h, um debate intitulado "Os escritores e a guerra", com intervenções de Cláudio Lima, Jaime Ferreri e Vergílio Alberto Vieira, 3 autores que estiveram na guerra colonial e sobre ela escreveram. O debate será moderado pelo Dr. José Manuel Mendes. - no dia 5 de Junho o Sindicato de poesia apresentará um recital que terá a designação de "Adeus, até ao meu regresso". A entrada para a exposição e a participação nas outras iniciativas é livre e desejada. Fontes: Texto - Biblioteca Pública de Braga Imagem - Guerra Colonial Portuguesa Etiquetas: Actividades de Animação Divulgação e Marketing, Conferências Congressos e Afins, Encontros com Autores, Eventos, Exposições, Livros e Leitura |